Foi realizado no Serviço de Medicina Nuclear do Hospital Albert Einstein um estudo retrospectivo através do levantamento dos achados de 206 pacientes, encaminhados pela Unidade de Transplantes, para realizar cintilografia do miocárdio como avaliação cardíaca no aguardo de transplante de fígado, pâncreas e/ou rim.
A técnica para realização da cintilografia utilizou como indicador a isonitrila-99mTc no protocolo de um dia, nos tempos pós-stress e em repouso. Todos os pacientes realizaram stress farmacológico com dipiridamol pela técnica convencional. As imagens de repouso foram adquiridas em SPECT uma hora após a injeção do indicador e as imagens de stress em GATED SPECT. O processamento foi realizado pelo programa QGS (Sistema Entegra - General Electric- USA).
Dentre os 206 pacientes estudados, o exame foi normal em 117 (57%) e alterado em 89 (43%). As alterações consideradas foram: isquemia transitória, fibrose, fração de ejeção diminuída e cardiomegalia.
Os resultados alterados evidenciaram: isquemia em 33 (37%) pacientes; fibrose em 8 (9%) pacientes; fração de ejeção menor que 40% em 34 (38%) pacientes e cardiomegalia em 14 (16%) pacientes. Observou-se que quase metade do grupo tinha algum comprometimento cardíaco, sendo que ocorreram mais alterações do tipo isquemia e fração de ejeção diminuída, principalmente em candidatos a transplante renal.
Os resultados demonstram a importância de avaliar a função ventricular e a perfusão cardíaca nesta classe de pacientes para que um tratamento visando melhora da perfusão, ou pelo menos uma adequada compensação da função cardíaca possam ser realizados antes da complexa intervenção a que serão submetidos. Vale ressaltar que o grupo renal é o que é particularmente afetado de maior risco.