Objetivo- O atordoamento da tireóide tem sido referido com o usode atividades diagnósticas para caracterizar remanescentes e, ou metástases, antes da tratamento de câncer diferenciado da tireóide. Sabri et al. (1) mostraramque o mesmo processo ocorre no tratamento do hipertireoidismo. Procuramosverificar se o uso das atividades traçadoras habituais do 131-I antes daterapia do bócio difuso tóxico (BDT) provoca este fenômeno.
Materiais e Métodos- Foram tratados prospectivamente 163 pacientes (pts), 31 masculinos e 132 femininos, com idades entre 15 e 62 anos (média =34,4) comdiagnóstico clínico e laboratorial de BDT; 55 pts eram vírgens de tratamento e 108 pts tinham uso prévio de antitireoideanos, que foram suspensos 7 ou maisdias antes do radioiodo. As doses diagnósticas situaram-se entre 3,7 a 21,4 MBq(100-150 µCi). Todos os pacientes foram tratados sob protocolo que considerou opeso da glândula e a captação do radioiodo 131 em 24 horas, resultando nasatividades administradas de 111 à 1542,9 MBq (3,0-41,7 mCi). O critério deinclusão fundamental foi o da captação ≤ 45% na captação de 24 horas. A dose terapeutica foiadministrada em relação à diagnóstica: grupo 1- até 3 dias após, 25 pts; grupo2- entre 4 e 7 dias após, 8 pts; grupo 3- entre 8 a 50 dias, 97 pts; grupo 4-mais de 50 dias, 33 pts. O controle do BDT foi considerado efetivo quando houvequadro clínico e laboratorial de eu ou hipotireoidimo 1 ano após terapia. Aanálise estatística foi baseada nos testes do qui quadrad e Fisher.
Resultados- Do grupo 1, 21 pts (84%) tiveram controle efetivo dadoença,com persistência do hipertireiodismo em 4 (16%). No grupo 2, o controleocorreu em 6 pts ( 75%), com persistência do hipertireoidismo em 2 (25%).
No grupo 3, ocorreu controle em 86 pts (88,6%), compersistência do hiper em 11 ( 11,4 %). Ouve contrlo do hiper em 37 pts ( 78,8 %) e persistência em 7 pts (21,2%) no grupo quatro. A análise estatística nãoregistrou maior frequência na persistência do hiper entre o grupo até 3 dias emrelação àqueles tratados após 4 dias (p=0,632); também não encontramos maior frequênciana persistência do hiper comparando pts tratados até 7 dias com aqueles além de 8 dias ( p=0,303). Analizando os pts tratados até 50 dias em relação àqueles com mais de 50 dias, a frequência do hiper não foi significativa (p=0.700).
Conclusôes- Não houve evidência de atordoamento da tireoide naterapia do BDT com as doses traçadoras empregadas. Esta constatação reforça ahipótese de haja limiar de dose para ocorrência do “stunning”.
Referência- Sabri O., Zimny M., Schereckenberger M. etal. Does thyroid stunning exist? A model with benign thyroid disease. (1) Eur JNucl Med, 2000; 27: 1592-1597.