Poesía
LUIS FILIPE SARMENTO nació el 12 de octubre de 1956. Es escritor, periodista y ha trabajado en la producción y realización de varias películas para televisión y documentales culturales. Es miembro de la Asociación europea para la promoción de poesía del PEN club.
Entre otros libros ha publicado Trilogia da noite (1978), Nubens (1979), Fragmentos de uma conversa de Quarto (1989) y Boca barroca (1990).
AS COISAS DO JOGO
As coisas do jogo sâo um jogo cheio de coisas: e nos sons há um jogo de letras, sons e palavras, palavras ilustradas, retrato postal, dos sons que vêm de dentro.
Bem no fundo, ca dentro, jogos, barulhos de viajens sanguíneas, metralhadas digestoes, computadores de ruidos, vêmnos às memórias por processos sonoros de choques em cadeia. Aquí, filtrados em códigos de sons proprios, os sons de dentro, em tramutaçao mágica, sao traduzidos em forma estética, exactamente correspondente á estética dos sons.
TEMOS PALAVRAS.
As coisas do jogo sao um jogo cheio de coisas.
Juntamos os sons e formamos imagems com diferentes sons.
Descobrimos que as coisas do jogo sao regras aliciantes.
E têm sabores.
Sons, sabores e imagems sao elementos que compoem o imaginário que nos vem de dentro. A maior parte das vezes confuso. Juntamos ordenadamente os factores e damos um sentido ideológico a um corpo que nos transmite exactamente a mesma sensaçao correspondente à sensaçao do nascimento confuso do imaginário que nos vem de dentro. Há um fio condutor. E explicativo do sentido.
TEMOS FRASES.
O jogo está cheio de coisas como as coisas do jogo.
As frases marcam encontro e desejam transformar-se em corpo visível. É um grupo organizado com poder reivindicativo e, sobretudo, tem um sentido de desejo.
Os sons, os sabores e as imagens querem um espelho onde se retoquem, onde se maquilhem. Depois perfumam-se. E as frases dao e consomem perfumes, a alma do universo.
Primeiro reproduzem-se em ideias e fazem-se imprimir por desejo. Pelo principio da mecânica fotográfica a frase fica estampada numa superficie branca.
E a sua imagem é exactamente correspondente à ideia que nos vem de dentro.
TEMOS A ESCRITA.
O jogo joga com as coisas como as coisas do jogo jogam entre si.
Depois da admiraçao, resultante do primeiro impacto, logo se inicia o prazer de tocar. Tacteamos os materiais, juntamos as frases e a ideia desdobra-se em muitas ideias que dao corpo à ideia. Com ela imprimida temos um sucedâneo de sons, sabores, imagens, perfumes que apalpamos. Conhecemos a defesa da história.
E ela corre por paisagens novas, gente desconhecida que sao as personagens com quem vamos contactando.
Têm alma e pensam. Desenvolvem-se interligadas de conceitos que nos levam a possuir uma voz própria.
Temos um corpo adulto. Com sentido. Que brinca com o mesmo sentido da criança. É aquí que se dá a mutaçao: as coisas do jogo sao como um jogo cheio de coisas.
A explicaçao final do corpo aponta para um jogo de letras, sons e palavras, palavras ilustradas, retrato postal, dos sons que vêm de dentro.TEMOS A OBRA.
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